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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O SNS sob ataque “anonymous” de um dos seus agentes

As filas de espera têm muitos inconvenientes que por vezes são compensados por episódios da fauna urbana que são assim como ver levantar aviões na sala de embarque de um aeroporto.
Foi o que me aconteceu recentemente numa fila de espera. O que se segue é um relato truncado da descrição colorida que uma auxiliar de saúde faz do seu ambiente de trabalho num hospital público em conversa com um amigo. Assim (em itálico, citações de "ouvido");
Os médicos “picam o cartão à entrada, e lá arranjam maneira de só voltarem a aparecer ao fim da tarde para picar o cartão à saída”. O que acontece neste ínterim? Segundo esta auxiliar, “saem para ir tratar da vida deles”. Mas talvez isso seja o mal menor porque quando estão ao serviço o mais certo é andarem “bêbados” ou a jogar “bilhar de bolso”.
Por sua vez, “as enfermeiras ganham muito mais que nós [auxiliares] mas não fazem nada, nós é temos de fazer o nosso trabalho e o trabalho delas”. Para agravar a injustiça, “as auxiliares têm fama de roubar, mas as elas [enfermeiras] roubam mais que nós”. Finalmente, as enfermeiras “passam o tempo a coçar a micose”.

No relato acima são levantadas suspeitas sobre o pessoal médico e de enfermagem do SNS claramente improváveis, para não dizer impossíveis. Em primeiro lugar, é muito duvidoso que as enfermeiras andem a “coçar a micose” dado o acesso facilitado que o pessoal hospitalar tem a tratamentos e meditação de todo o género, incluindo as micoses mais resistentes. Por outro lado, também não é crível que os médicos andem a jogar "bilhar de bolso” atendendo ao convívio privilegiado com enfermeiras que têm demasiado tempo disponível. Finalmente, quanto a “as enfermeiras roubarem mais que as auxiliares” nos hospitais públicos, é bom ter presente que de que se desconhecem casos judiciais sobre o tema, além do que a auxiliar anónima emitiu um juízo em causa própria.

Disclaimer: que se saiba, nem pessoal auxiliar nem enfermeiras nem médicos roubam em hospitais públicos e nenhum deles têm micoses ou se alcooliza; também ninguém pica o ponto e sai do local de trabalho sem picar novamente o ponto. Mais ainda, nem os médicos jogam "bilhar de bolso”, nem as enfermeiras e auxiliares jogam "bilhar de bolso” no bolso dos médicos, seja lá isso o que for, pelo menos nas horas de serviço.

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